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Onde me perco nas fantasias que me assolam a mente....

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14 de março de 2009

Praia - I Parte

(ele)
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Deambulava eu pela praia quase deserta numa quente fim de tarde de um típico dia de primavera quando avistei ao longe uma silhueta de alguém que vinha em sentido contrário acompanhada por um cão. Com a aproximação da pessoa apercebi-me de que se tratava de uma mulher.
Achei interessante o modo como ela caminhava, a curvatura do corpo, a graciosidade do seu deslocar e a sonoridade do seu pisar na areia.
Vinha descalça o que permitia admirar a beleza dos seus pés que mais não eram que o culminar de umas pernas formosas.
Ela, com ar tímido, olhava para o mar. Eu, apesar de fazer de conta que olhava para o lado, não conseguia parar de a observar.
Entretanto o cão vem ter comigo. Ela chama-o mas ele mantém-se perto de mim. É então que ela se aproxima e eu a vejo de perto.
Senti umas tremuras no corpo. Olhei-a tímida e profundamente e disse-lhe “Olá boa tarde, não te queres sentar um bocadinho?”.
Como o cão não se queria ir embora, ela sentou-me relativamente perto de mim. Ambos brincávamos com o cão…
Comecei a sentir que, pela minha parte, algo de delicioso poderia acontecer (percebo agora que, naquele momento, a atracção por aquela mulher tinha começado a desabrochar em mim).



(ela)
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Num fim de tarde quente, típico dia de primavera, andava eu a passear o meu cão naquela praia deserta que tanto me dizia. Gostava de ir para lá, sinto-me totalmente livre, solta, e deixo-me levar ao ritmo das ondas que juntamente comigo cantarolamos diversas melodias sem nexo.
Quando olhei em frente, notei que alguém vinha em sentido contrário, e aos poucos apercebi-me que era um homem. Sem saber como nem porquê, fiquei um pouco nervosa. Talvez pelo seu andar elegante, pela forma como tocava com as mãos na água…não sei.
Tentei disfarçar o meu olhar, mas percebi que ele entendeu o contrário, principalmente quando o cão se aproximou dele. Ainda o chamei, mas pela forma como o fiz...ele percebeu que eu queria que ele se mantivesse junto daquele homem…assim eu teria que chegar perto…
Timidamente aproximo-me…e tentei dizer alguma coisa, mas as palavras teimavam em não sair. Felizmente o homem olhou-me e disse-me “Olá boa tarde, não te queres sentar um bocadinho?”. Apenas consegui sorrir e concordar com a cabeça, pois todo o meu corpo tremia de forma desalmada…Tenho consciência que me sentei perto dele, mas sinceramente nem me preocupei muito, pois algo de estranho estava a acontecer e eu estava a gostar da sensação que estava a sentir…
O cão brincava com os dois de forma a apaziguar a tensão que se sentia, pois ele percebia que estavam ali duas pessoas que aos poucos estavam a ficar cada vez mais atraídas, e onde apenas meras palavras tinham sido ditas.
No fundo, eu senti que algo poderia acontecer, e ao cruzar o meu olhar com o dele…senti o mesmo…
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(continua)

2 comentários:

ZeManel disse...

Texto lindo.
Adorei a forma como um e outro descrevem(-se) e se complementam...
A imagem está absolutamente adequada (parece-me ser a silhueta de uma linda mulher…).
O som embala-nos nas palavras de ambos. Está perfeito!
Agora há que aguardar pelos capítulos vindouros (que me parece, irão ‘aquecer’ o areal…).;))))))))))))

martinha disse...

Aguardo ansiosa o desenrolar

fiquem bem
martinha